Músicos persas da era Qajar, pintura de Kamalolmolk |
Em 640/642 os árabes dizimaram os exércitos persas, estabelecendo uma hierarquia militar muçulmana. Farabi (912-950 da era cristã) em seu livro, constata a existência de um instrumento de arco com os árabes, com certeza proveniente da Pérsia.
Presume-se que este instrumento citado por Farabi é o kemangeh persa, desenvolvido pelos árabes mesmo de instrumentos construídos pelos Indus de Machas. É espantoso o número de instrumentos construídos pelos Indus, com as formas mais bizarras e os mais belos adornos e com incrustrações, algumas porém de gosto duvidoso.
Alguns kemangeh, que são espécies de violas, são usados como repouso sobre os joelhos, lembrando a posição do violoncello (Fétis, Livro II, página 135).
Quanto às cordas, eram construídas com 60 fios de crina de cavalo, enrolados com fios de algodão. A sonoridade era pobre, ainda que estes instrumentos não possuíam caixa harmônica como as usadas atualmente. A caixa harmônica destes instrumentos era construída com uma metade de noz de côco com furos, recoberta pelo que lhe servia de tampo. Sua sonoridade rouca era apreciada pelas populações asiáticas. Já nesse tempo usava-se como acompanhamento dos poetas, quando mesmo nas ruas declamavam suas poesias. Esse hábito é sobretudo de origem árabe.
Os kemangeh evoluíram, alcançando o formato de violas, com caixa harmônica de madeira e tampo de pinho.
Outro kemangeh digno de nota é o pequeno com formato das antigas "pouchettes" dos séculos XVII e XVIII. Essas "pouchettes" eram instrumentos de corda e arco de que se serviam os mestres de dança, para tocar a música com a qual ensinavam os variados passos dos minuetos e gavotas aos nobres da corte. Eram de fácil transporte, pois ao término das aulas enfiavam-nas nos largos bolsos dos casacões então em moda e dirigiam-se à casa de outro aluno. A afinação desse kemangeh é curiosa. Possuía oito cordas, quatro de tripa e quatro de aço. as de tripa ficavam sobre as de aço, lembrando as das violas d'amores, que apresentavam a mesma peculiaridade, embora com afinação e número de cordas diferentes. A afinação era a seguinte:
Afinação do kemangeh |
O rebab, também usado pelos árabes, é igualmente originário da Pérsia. è provavelmente o responsável pelo nome "rebeca", termo depreciativo dado ao violino. O rebab tinha três cordas afinadas em quintas, única analogia com o atual violino.
Afinação do rebab |
Quanto à forma, era inteiramente diferente.Não possuía ilhargas e o fundo era ventrudo. O tampo possuía duas aberturas semi circulares, sendo que o braço formava corpo com a caixa harmônica, dando ao instrumento a aparência de uma pera.
Não somente as "rebecas", mas também as "gigas" tinham essa forma. A sonoridade era pobre, inexpressiva, sem vida.
Esses instrumentos e ainda a "viéle" e a "trombeta marinha" pontificaram durante toda a Idade Mádia.
O rebec permaneceu até o século XVII, desaparecendo posteriormente de tal maneira, que não se encontra um só exemplar, a não ser uma cópia feita por Vuillaume e que está no Conservatório de Paris, feita por indicação de pinturas e esculturas da época.
A viéle, movida por manivela é o ancestral do realejo. Havia também a viéle com arco e que foi, segundo Vidal, a origem das violas.
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